Fonte: SECULO DIARIO em http://seculodiario.com/exibir.php?id=5291&secao=17
Projeto Machismo é Violência, da Ong Olho da Rua, espalha peças publicitárias por redes sociais, sites e blogs
Lívia Corbellari
07/03/2013 12:17 - Atualizado em 07/03/2013 13:20
“Qualquer relação que tenha como base a subordinação das mulheres pelos homens constitui uma violência. Portanto, para reduzir os índices de violência física, é preciso questionar essa ordem social opressora”. Assim, Bruna Gatti, integrante da Organização Não-Governamental Olho da Rua, começa explicando o objetivo da Campanha Machismo é Violência.
O projeto é composto por cinco peças publicitárias, que serão disseminadas pela internet, em redes sociais, blogs, email e sites. As imagens questionam a violência contra a mulher abordando diversas formas de agressão.
A campanha começou a ser divulgada no mês de março aproveitando o Dia Internacional da Mulher, nesta sexta-feira (8), mas as motivações vão muito além de apenas a data. Mesmo após seis anos da promulgação da Lei Maria da Penha e o aumento de denúncias contra homens exploradores e violentos, o número de mulheres assassinadas e agredidas continua crescendo.
O Espírito Santo está em primeiro lugar em casos de homicídios de mulheres no país, de acordo com o Mapa da Violência 2012, divulgado pelo Instituto Sangari. A taxa do estado é de 9,4 homicídios para cada 100 mil mulheres. É um drama presente no país inteiro.
Ainda na mesma pesquisa, o Brasil acumulou mais de 90 mil mortes de mulheres vítimas de agressão nos últimos 30 anos e ocupa o 7º lugar no ranking dos países com mais assassinato de mulheres.
“A campanha pretende estimular o debate sobre a violência contra a mulher tão presente no nosso cotidiano e tão naturalizada nos valores de nossa sociedade”, explica Bruna, que entende que o assassinato é o ápice da violência, mas que qualquer forma de violação de direitos é uma agressão contra as mulheres.
Para lutar contra esses índices, a iniciativa do Olho da Rua vai trabalhar conceitos contra-hegemônicos e a quebra de estereótipos.
“Queremos conscientizar a população capixaba, em especial as mulheres, sobre a problemática da violência de gênero, além de estimular ações de enfrentamento a essa violência”, diz a ativista.
Ela explica que Centro de Comunicação e Cultura Popular Olho da Rua é uma organização social que utiliza a produção de mídias e outros elementos culturais para fomentar o debate sobre os diversos problemas sociais e opressões vivenciadas no cotidiano.
Apesar do potencial das ferramentas da internet para mobilização, os membros da organização entendem que seu uso não substitui outras ferramentas tradicionais. Por isso, a construção da campanha se deu com a parceria de atores sociais que já travam esse debate diariamente, como o Fórum de Mulheres do Espírito Santo.
O trabalho também contou com o apoio dos estúdios Cosmonauta e Juuz Design e da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por meio do edital Valorização da diversidade cultural capixaba.
“Dessa forma, a campanha consegue transpor o espaço virtual e se insere em um espaço concreto de luta, onde é possível, coletivamente, pensar a construção de estratégias para dar continuidade à campanha e potencializá-la”, afirma Bruna. Para expandir essa ação para além da internet, o Olho da Rua também realiza seminários para as mulheres com o intuito de pensar estratégias e envolver outros setores sociais na luta contra a violência.
Apesar de a campanha ter sido lançada às vésperas do dia 8 de março, ela é atemporal e pode - e deve - continuar a ser trabalhada. A data foi escolhida apenas porque é um marco na luta em defesa dos direitos das mulheres.
“Estamos, é claro, buscando parcerias que possibilitem a continuidade do projeto, mas independente disso, a campanha pode continuar por meio de todos aqueles que derem vazão a ela e realizarem ações articuladas”, explica Bruna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário