segunda-feira, 4 de março de 2013

A doença da mulher: hipotireoidismo chega a afetar 15 vezes mais elas do que eles

 

Fonte: A GAZETA em http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/03/voce_ag/revista_ag/1411501-a-doenca-da-mulher-hipotireoidismo-chega-a-afetar-15-vezes-mais-elas-do-que-eles.html

03/03/2013 - 00h00 - Atualizado em 04/03/2013 - 10h11

 

O pior é que esse mal costuma ser assintomático

Leticia Nóbrega
lnobrega@redegazeta.com.br

Foto: Guilherme Ferrari

Guilherme Ferrari

Para ajudar no tratamento, Camila faz aula de dança com o professor Joilson Santana

Durante boa parte da adolescência, a professora Camilla Reisler, 44 anos, sentia tanto sono que chegava a dormir 10, 12 horas direto. “Ganhei o apelido de dorminhoca e nem desconfiava o que estava acontecendo”, lembra ela, que só aos 25 anos foi descobrir a razão de tanta queda de energia. Era hipotireoidismo.

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O distúrbio, que ficou famoso há dois anos por causa do jogador Ronaldo Fenômeno, é, na verdade, muito mais frequente nas mulheres. Chega a afetar 15 vezes mais elas do que eles. As razões são biológicas, explica a endocrinologista Rosina Vilellla, que também confirma o crescimento dos relatos sobre a doença.

“O número de diagnósticos tem crescido entre mulheres com idade abaixo de 40 anos. Acredito, no entanto, que isso se dá pelo fato dos médicos estarem pedindo mais exames, especialmente em casos de gravidez, e também porque as mulheres estão tendo maior acesso a informações e descobrindo mais cedo o problema”, explica Rosina.

Muitos dos sintomas não denunciam de cara o distúrbio e nem necessariamente aparecem em todos os casos. O cansaço que atingia Camilla, por exemplo, não afetou a coordenadora de relacionamento Thaís Puck, 29 anos. “Eu não sentia essa preguiça que todo mundo fala e sequer descobriria não fosse uma bateria de exames para uma cirurgia”, conta ela que descobriu o hipotireoidismo aos 25.

Embora tenha descoberto o problema por acaso, Thaís já estava sofrendo com um outro sintoma do hipotiroidismo: o aumento de peso. Ela engordou 20 quilos e não conseguia mais voltar ao peso original. “Eu era magra e de repente ganhei muito peso”, conta ela. “Fiz uma viagem para a Alemanha, onde a água tem pouco iodo, e engordei 12 quilos. Quando voltei ao Brasil, consegui emagrecer. Mas ao retornar para lá engordei 4 quilos em duas semanas”.

Esse ganho de peso não é, segundo a endocrinologista Rosina Vilella, provocado pelo hipotireoidismo. “Ninguém fica obeso por causa dele. Na verdade, o que acontece é que, como o metabolismo fica mais lento, as pessoas têm dificuldade em emagrecer”.

Os casos mais comuns, ela explica, são genéticos, mas há situações transitórias disparadas pela gravidez. “É comum no quarto ou quinto mês acontecer de ser diagnosticado um hipotireoidismo, que depois do parto é revertido. É nessa época que a mulher deve ficar mais em alerta, pois, mesmo leve, o hipotiroidismo pode afetar o QI do bebê. Por isso, é necessário um controle”.

Sem sintomas

Há, porém, casos em que a falta dos sintomas comuns pode despistar o diagnóstico. Isso acontece quando o exame mais simples – que identifica principalmente os níveis dos hormônios T4 livre e do TSH – não é suficiente e é preciso um complemento de exames mais abrangentes, incluindo até ultrassom.

“É o chamado hipotireoidismo subclínico, assintomático ou laboratorial. Nesse caso, há pouca ou nenhuma evidência dos sintomas mais comuns, e aparecimento de outros sintomas como alterações de humor”, explica a endocrinologista Danielli Gadioli.

Ela explica que há casos em que a pessoa chega a buscar tratamento psicológico achando que há algo errado nesse sentido. A falta de tratamento pode ocasionar, entre outros problemas, alteração das taxas de colesterol e problemas cardíacos. Segundo pesquisas recentes, pacientes com hipotireoidismo subclínico têm um risco 89% maior de contrair doenças cardiovasculares em relação a um não-portador e o risco de morrer em decorrência delas é 58% maior.

Mas, segundo as endocrinologistas, não há razão para alardes. Diagnosticada e tratada, a pessoa segue com a vida normalmente. O tratamento consiste na reposição do hormônio (T4) em dosagens calculadas de acordo com o grau da doença e o peso do paciente. Esse deve, no entanto, acompanhar periodicamente – de seis em seis meses – o nível a ser reposto pelo medicamento, tomado pelo resto da vida.

Já o hipertiroidismo, por exemplo, é um pouco mais complicado de se tratar. “A reposição é mais delicada e os efeitos colaterais do medicamento são mais frequentes”, explica Rosina, enumerando, entre eles, a taquicardia, o olho “saltado”, alergia e queda do número de leucócitos.

É importante lembrar ainda que não há idade para se detectar o hipotireoidismo e que o teste do pezinho é o meio de se identificar o distúrbio nos bebês. Além disso, é preciso ficar de olho na genética. “Se há algum caso na família, é provável que as pessoas herdem o problema que pode dar sinais só mais tarde”, alerta Rosina Villela.

O Hipotireoidismo traduzido

O que é? É um distúrbio caracterizado pela baixa produção de hormônios pela tireoide, uma glândula localizada na região do pescoço. Esses hormônios (T3 e T4) são praticamente o “motor” do organismo, responsáveis pelo metabolismo. Em baixa quantidade, causa fadiga, cansaço, alterações de humor. A queda de energia é tanta que, em alguns casos, suspeita-se (equivocadamente) de depressão.

Quem afeta? É mais comum entre o sexo feminino, atingindo cerca de 15 mulheres para cada homem. A faixa etária mais comum para o aparecimento da doença nas mulheres é entre 40 e 60 anos, e os seus sintomas se confundem com os da menopausa. Mas pode surgir numa condição temporária durante a gravidez.

Qual são as causas? A maioria dos casos é por razões genéticas, na chamada Tireoidite de Hashimoto. Mas em casos menos comuns pode surgir devido à redução do tecido tireoidiano – por iodo radioativo ou por cirurgia – por deficiência de iodo e em decorrência de medicamentos, entre outras.

Quais são os sintomas? Os mais comuns são pele ressecada, unha quebradiça, queda de cabelos, dificuldade de emagrecer, cansaço, sonolência e alterações de humor.

Como é o tratamento?  É simples, por meio da reposição dos hormônios em formato sintético. Sem efeito colateral, eles devem, porém, ser tomados para o resto da vida. E, além disso, deve-se verificar periodicamente os níveis para se readequar a dosagem.

Fonte: A Gazeta

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