quarta-feira, 20 de março de 2013

Lesão esportiva comum permanece um mistério

 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1247847-lesao-esportiva-comum-permanece-um-misterio.shtml

18/03/2013 - 03h00

GRETCHEN REYNOLDS
DO "NEW YORK TIMES"

The New York Times

Existem lesões esportivas que soam mais carismáticas que a fascite plantar, mas não há muitas que sejam tão comuns.

A condição, caracterizada por uma dor lancinante no calcanhar ou no arco do pé, atinge até 10% dos corredores, assim como inúmeros atletas das fileiras recreativas e profissionais.
Embora a fascite plantar seja democrática como epidemiologia, sua causa permanece um enigma. Na verdade, os mistérios da fascite plantar salientam o parco conhecimento sobre lesões esportivas e por que elas continuam tão difíceis de tratar.

Especialistas concordam que a fascite plantar é essencialmente uma irritação da fáscia plantar, um cordão de tecido longo e delgado que percorre a planta do pé, ligando o osso do calcanhar aos artelhos e formando o arco do pé. Quando esse tecido se irrita, a pessoa desenvolve uma dor profunda no calcanhar.

A dor é geralmente mais pronunciada de manhã, já que a fáscia se contrai enquanto dormimos.

Durante muitos anos, a maioria das pessoas acreditou que a fascite plantar envolvia uma inflamação crônica da fáscia, segundo o doutor Terrence M. Philbin, cirurgião ortopédico no Centro Ortopédico do Pé e Tornozelo em Westerville, em Ohio, que é especializado em fascite plantar.

Acreditava-se que, ao correr ou bater repetitivamente os calcanhares contra o chão, as pessoas distendessem a fáscia plantar e o corpo reagisse levando fluidos extras para o local do ferimento, assim como uma sensibilidade maior à dor.

Mas, em vez de durar apenas alguns dias e depois desaparecer, como acontece geralmente com a inflamação aguda, o processo poderia se tornar crônico e causar lesões no tecido e dor constante.

Essa progressão também é o que os especialistas acreditavam que acontecesse quando as pessoas desenvolviam lesões duradouras por excesso de uso.

Mas, quando cientistas fizeram biópsias do tecido da fáscia de pessoas com fascite plantar crônica, "não encontraram muita inflamação ou nenhuma", disse o doutor Philbin.

"A fascite plantar não envolve células inflamatórias", disse o doutor Karim Khan, professor de medicina familiar na Universidade da Colúmbia Britânica e editor do "Jornal de Medicina Esportiva da Grã-Bretanha", que escreveu extensamente sobre as lesões esportivas por excesso de uso.

Em vez disso, a fascite plantar é mais provavelmente causada pela degeneração ou pelo enfraquecimento do tecido. Esse processo provavelmente começa com pequenas lesões que ocorrem durante a atividade e que, em circunstâncias normais, o corpo simplesmente repara, reforçando o tecido. Essa é a vantagem do treinamento nos exercícios.

Mas, às vezes, esse dano duradouro ao tecido supera a capacidade do corpo de reagir. Pequenas lesões não saram e o tecido começa a degenerar.

A maioria das pessoas que desenvolvem fascite plantar se recuperam em alguns meses sem tratamentos invasivos, disse o doutor Philbin, se descansarem o pé e alongarem os tecidos afetados.

Alongar a fáscia plantar, assim como o tendão de Aquiles e os músculos da panturrilha, parece resultar em menos tensão na fáscia, o que significa um trauma menos duradouro e, eventualmente, tempo para que o corpo se recupere.

Nem toda dor no calcanhar ou no arco do pé é fascite plantar.

Se você tiver essa condição, console-se ao saber que atletas profissionais afetados conseguiram voltar às competições.

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