segunda-feira, 1 de julho de 2013

Vacina contra HPV é uma das principais armas de combate ao vírus

O Ministério da Saúde divulgou dia 01 de julho que a vacina contra o HPV será distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 10 e 11 anos a partir do ano de 2014. De acordo com o órgão, a vacina estará disponível em cerca de 5 mil postos de maneira permanente. A vacina, que será produzida pelo Instituto Butantã e pela Merck, será administrada em três doses, e protegerá contra quatro subtipos de HPV: 6, 11, 16 e 18 - os dois últimos são os que causam o maior risco de câncer. A vacinação será feita em intervalos de dois e seis meses entre a segunda e a terceira doses, respectivamente. 

HPV - vírus do papiloma humano, do inglês -, traz dados alarmantes: segundo o Ministério da Saúde, 137 mil novos casos são registrados por ano no Brasil. Esse vírus é tido como o responsável por 90% dos casos de câncer de colo do útero, além de atuar como protagonista em casos de câncer de pênis. Ele é o principal responsável por inúmeras doenças da região genital - que compreende colo, vagina, vulva e anus nas mulheres e, nos homens, pênis e anus. Assim como as verrugas na região genital e da boca, os cânceres causados pelo vírus do papiloma humano são recorrentes: no colo do útero, vulva, pênis e pele. Segundo o ginecologista Claudio Emilio Bonduki, da Unifesp, o HPV ainda pode levar ao câncer de vulva e de pele e provocar lesões na região oral, língua, faringe e anus, devido ao contato em sexo oral ou anal. 

A vacina contra HPV já existia para o público feminino. Mas os homens também têm importante papel como vetores do HPV, ou seja, eles o carregam assim como as mulheres, como explica a ginecologista Maricy Tacla, do Hospital das Clínicas. "Enquanto eles não forem vacinados, assim como toda a população, pessoas continuarão a ser infectadas", alerta. Por isso, desde o final de maio de 2011, eles também podem ser imunizados contra o HPV. Saiba mais sobre essa vacina: 


Tipos de vacina 

Há dois tipos de vacina contra HPV no Brasil: a bivalente e a quadrivalente. Ambas protegem contra, no máximo, quatro tipos do vírus, entre os mais de 100 existentes. Isso significa que, mesmo com a aplicação da vacina, a proteção não é 100% garantida. 

A bivalente protege apenas contra os tipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero, vagina, vulva, anus e pênis. Já a quadrivalente, que foi recentemente liberada para o público masculino, protege contra esses antígenos e também contra os tipos 6 e 11, os principais agentes de verrugas genitais e condilomas, que são as verrugas genitais produzidas pelo vírus. 



Hoje, o foco principal da vacina está em mulheres dos 9 aos 26 anos, no caso da quadrivalente, e dos 10 aos 25, na bivalente - em especial para aquelas que ainda não iniciaram sua vida sexual. Segundo Maricy Tacla, isso acontece porque, teoricamente, a mulher ainda não teve contato com o vírus, o que aumenta a eficácia da aplicação. Para os homens, vale a mesma faixa etária, lembrando que eles podem tomar apenas a quadrivalente. 

Contraindicações e efeitos colaterais 

Fora a restrição de idade - que acontece porque a Anvisa permite apenas a aplicação da vacina em públicos onde estudos clínicos comprovaram sua eficácia - e as pessoas que são alérgicas a algum componente da medicação, ainda não há outras contraindicações. Até mesmo portadores do vírus HIV ou pessoas que já tiveram ou têm HPV e outras DSTs, lembra Bonduki, podem tirar proveito da imunização, já que existem vários tipos de vírus HPV, não apenas aquele que afetou o portador. Existem, ainda, os casos chamados "off label": pessoas fora dos grupos especificados pela Anvisa, mas que podem tomar a vacina por solicitação médica. 

Além disso, não há evidências de efeitos colaterais, apenas possíveis desconfortos locais, como edemas e dor onde a injeção foi aplicada. Estudos também indicam não haver risco na aplicação dessa vacina em conjunto com a da Hepatite B. 


Como funciona 
A aplicação é feita em três etapas. Com a bivalente, a segunda dose é aplicada depois de um mês da primeira e, a terceira, após cinco meses da segunda. Já na quadrivalente, a segunda fase acontece apenas dois meses após a primeira e, a terceira, também seis meses depois da inicial.

A vacina apresenta substâncias obtidas do vírus do HPV, modificado em laboratório. Ao serem aplicadas no nosso organismo, essas substâncias estimulam o sistema imunológico a combatê-las, o que desencadeia a produção de anticorpos neutralizantes. Até agora, os cientistas conseguiram confirmar que esses anticorpos duram dez anos.

Para aqueles que não se incluem no grupo de risco a ser vacinado pelo SUS, mas está interessado em tomar a vacina, é necessário procurar um ginecologista ou um urologista, que fará a recomendação da vacina. O clínico geral também pode ser procurado e, para as crianças, o ideal é consultar um pediatra. 
Entenda os riscos do HPV 

O vírus HPV é um grande vilão da saúde, em especial feminina. Além de câncer e doenças na região genital das mulheres e no pênis e ânus dos homens, o vírus HPV é relacionado a lesões e neoplasias na região da orofaringe - que compreende a cavidade bucal, da raiz da língua até a epiglote, uma espécie de lâmina que fecha a ligação da faringe com a glote -, como carcinomas (tumores malignos) e uma doença chamada papilomatose laríngea recorrente, que leva a lesões na laringe e que, segundo Maricy, tem difícil tratamento e pode levar a danos importantes nos órgãos dessa área do corpo.

Por ser uma DST - doença sexualmente transmissível -, a principal via de proteção é acamisinha. Entretanto, nem o seu uso livra da contaminação. O ginecologista Bonduki lembra que o contato da região de vulva, onde a camisinha não protege, pode permitir a transmissão.
Fonte: Minha Vida - Por Ana Paula Araújo

Brasil precisa incentivar o desenvolvimento de sistemas de inovação em saúde

A afirmação é resultado de seis estudos que acompanharam a trajetória de pesquisas como o desenvolvimento de vacinas no Butantan
























Discutir a relação entre saúde e desenvolvimento por meio da análise de experiências de inovação tecnológica no Estado de São Paulo é o objetivo do livro Saúde, desenvolvimento, ciência, tecnologia e inovação, que será lançado em setembro pela Hucitec Editora.
Organizada por Ana Luiza d'Ávila Viana (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), Nelson Ibañez (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo) e Aylene Bousquat (Universidade Católica de Santos), a obra apresenta os resultados de uma pesquisa apoiada pela FAPESP por meio do Programa de Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde (PPSUS).
" O setor de saúde tem sido apontado como um dos vetores do desenvolvimento em todo o mundo por envolver um grande complexo industrial. Mobiliza muitos recursos, emprega muitas pessoas e abrange indústrias potentes, como a farmacêutica. Por isso, seu impacto no crescimento econômico é grande" , afirmou Viana.
Segundo a pesquisadora, o sistema de inovação em saúde no Brasil ainda é incipiente, mas tem se desenvolvido com maior velocidade nos últimos anos. " No entanto, ainda existe pouca avaliação sobre como esse processo está ocorrendo na prática" , disse.
Os pesquisadores fizeram seis estudos de caso de políticas voltadas a incentivar a inovação tecnológica no Estado de São Paulo. Entre eles destaca-se o levantamento da trajetória histórica do Instituto Butantan e algumas de suas experiências inovadoras, como o desenvolvimento de uma vacina recombinante contra hepatite B e o processo de transferência tecnológica da vacina de Influenza, realizado no âmbito de um acordo com o Laboratório Sanofi Pasteur.
" O Butantan é um grande produtor de vacinas e soros, reúne um número expressivo de pesquisadores, transfere tecnologia para todo o país e entre seus diferentes laboratórios. Por isso, consideramos um caso emblemático para fazer um balanço do processo de desenvolvimento em saúde" , explicou Viana.
Ao lado da Fiocruz, afirma Viana em um dos capítulos, o Butantan é peça fundamental para a autossuficiência de imunobiológicos do Brasil. " Sem esses dois institutos não seríamos autossuficientes na produção de soros e vacinas nem capazes de exportar" , disse.
Também foram objeto de análise a Fundação para o Remédio Popular (Furp) e as políticas de implantação dos Parques Tecnológicos de São Paulo. Já o processo de decisões relativas à incorporação de novos equipamentos médicos no sistema de saúde é ilustrado com o estudo de caso do aparelho de tomografia computadorizada multislice, no qual se observa o jogo entre os conglomerados empresariais transnacionais, os médicos, os provedores de serviços, as operadoras de planos de saúde, as agências reguladoras e o Ministério da Saúde.
As análises dos casos foram complementadas com entrevistas e artigos de especialistas, entre eles Peter Evans, professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e grande conhecedor da relação entre Estado e empresas no Brasil.
" Evans sugere que as políticas sociais têm papel muito importante no desenvolvimento neste século, ao contrário do que ocorreu no século 20, quando toda a política de desenvolvimento era voltada para a indústria" , contou Viana.
Um panorama atual das políticas nacionais de ciência, tecnologia e inovação e suas interfaces com a saúde é apresentado por Fabíola Lanna Iozzi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Já o texto de Mariana Vercesi de Albuquerque, da USP, analisa os impactos da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde na diminuição das desigualdades regionais. Os pontos problemáticos dessa política são levantados na entrevista feita com Moisés Goldbaum, também da USP.
" Todos os capítulos apontam para a necessidade de o Estado regular melhor o processos de inovação em saúde. As políticas são todas fragmentadas, não há um espaço de coordenação" , contou Viana.
Atualmente, complementou a pesquisadora, a regulação ocorre somente no momento de introduzir uma nova tecnologia no mercado, quando é avaliada sua segurança e a disponibilidade orçamentária para custeá-la. " Mas nós defendemos que o Estado precisa regular esse processo desde o início. Precisa pautar a pesquisa, de forma a influenciar o desenvolvimento de tecnologias mais custo-efetivas, de acordo com o perfil epidemiológico e as necessidades do país, para que todos possam ter acesso" , defendeu Viana.
Fonte: FAPESP

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