26/03 - 13h47
Tiago Félix
Os problemas enfrentados pela Prefeitura de Guarapari na área de saúde materno-infantil têm refletido diretamente em hospitais da Grande Vitória. As maternidades de Vila Velha e Cariacica já registram aumento na demanda no atendimento de grávidas de Guarapari. O Hospital Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba) registrou um aumentou de 40%. Já a maternidade de Cariacica realiza cerca de 10 partos por semana de pacientes da cidade.
No dia 20 deste mês a prefeitura decretou situação de emergência na saúde materno-infantil da cidade. O problema se agravou ainda mais após a morte de sete bebês. A Secretaria Estadual de Saúde identificou que a principal causa dos óbitos foi pré-natal mal conduzido ou não feito.
A secretária de Saúde de Guarapari, Aurelice Vieira, explica que o decreto foi para pedir apoio do Governo, já que as gestantes correm risco de vida ao serem encaminhadas para Grande Vitória. O decreto tem 60 dias, prazo estimado para resolver o problema. Elas também têm sido encaminhadas para Anchieta e Guarapari.
"Não tem condições de levar essas mulheres para Vitória. Elas correm risco e os bebês também. A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade não tem condições para realizar partos. Nas últimas semanas, quatro crianças nasceram na unidade. Por isso que decretamos situação de emergência", relata.
O decreto foi encaminhado para a Câmara de Vereadores de Guarapari, Assembleia Legislativa e a Secretaria de Estado da Saúde. Segundo Aurelice, o prefeito teve uma reunião com o secretário de Saúde, Tadeu Marino, que tomou conhecimento dos problemas. Mas nenhum parecer foi passado para o chefe do executivo.
Por falta de maternidade, gestantes estão sendo obrigadas a buscar atendimento em municípios vizinhos. Grávida de seis meses, a decoradora de festas, Erika Souza Castilho, 33 anos, tem recorrido ao hospital de Anchieta ou na maternindade de Vila Velha para procurar atendimento, quando passa mal.
"O hospital da cidade não tem estrutura. Se a criança nascer com algum problema, ela tem que ser encaminha para Vitória. Quero muito ter a minha filha em Guarapari", explica.
A maioria das grávidas de Guarapari tem como opção de acompanhamento da gestação o Programa Saúde da Mulher, da secretaria de saúde do município. Na manhã desta terça-feira (26), a reclamação na unidade era a falta de exames gratuitos. O contrato do laboratório com a Secretaria de Saúde foi encerrado. O serviço está previsto para ser retomado no próximo mês.
Além desse problema, o Ministério Público Estadual (MPES) aponta que falta estrutura e atendimento adequado aos pacientes no 'Programa Saúde da Mulher'. O promotor Otávio Guimarães, relata que 90% das mortes de recém-nascidos do Hospital São Judas Tadeu, foi por causa da falta de um pré-natal adequado.
"Não descartamos a responsabilidade do hospital neste evento e de outros. Mas, não podemos fechar os olhos da responsabilidade dos órgãos públicos. Recebemos algumas informações da situação, está em fase de análise e em breve vamos tomar as providências", explica o promotor.
Um Comitê de Mortalidade Infantil foi criado pela Prefeitura de Guarapari para investigar as mortes dos bebês. O 'Programa Saúde da Mulher' também será analisado, com intuito de identificar as deficiências do atendimento aos pacientes. O comitê é formado por sete profissionais e a primeiro encontro está marcado para esta quarta-feira (27).
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