terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Meninas muito quietas podem ser hiperativas

 

Fonte: A GAZETA em http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/02/voce_ag/vida/1402115-meninas-muito-quietas-podem-ser-hiperativas.html

14/02/2013 - 00h00 - Atualizado em 14/02/2013 - 08h39

 

É o que afirma a autora do livro "Mentes Inquietas"

Renata Lacerda
rlacerda@redegazeta.com.br

Foto: Divulgação

Divulgação

Ana Beatriz diz que ainda tem médico que acha que só meninos podem ter TDAH

Quando se fala em Transtorno de Atenção e Hiperatividade (TDAH) logo se pensa em meninos agitados, que não param quietos por cinco minutos, nem mesmo para estudar. Mas o que muita gente não imagina é que meninas quietas, que não dão nenhum trabalho na escola, também podem ser vítimas da doença.

Leia mais notícias de Vida
Quem afirma é a médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes Inquietas - TDAH: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade”, tema da palestra que dará amanhã no Centro de Convenções de Vitória, para professores do Sistema Findes.

Autora de vários livros e referência em temas delicados, como bullying, autismo, entre outros, Ana Beatriz afirma que é um erro comum acreditar que apenas meninos sofrem de TDAH.

“A hiperatividade física, a inquietação, é apenas um dos sintomas que podem aparecer ou não no TDAH, e ela é mais comum em meninos. O problema com as meninas é mais a desatenção. São aquelas que não dão trabalho nenhum para os professores, na questão comportamental, mas que sempre tiram notas ruins”, explicou.

Entenda o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

O que é

No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o cérebro funciona de forma mais intensa. Há um excesso e uma rapidez de pensamentos, o que leva a uma instabilidade de atenção. A pessoa pula muito rápido de um pensamento para outro. A hiperatividade física é apenas um dos sintomas e não aparece em todos

Superfoco

Quem sofre com a doença é capaz de se concentrar por horas em algo que gosta. O problema é que sua atenção também é em excesso - a pessoa não se interessa nem se concentra em mais nada

O que causa?

Uma alteração metabólica no cérebro, na região frontal principalmente, um mau funcionamento da neuroquímica cerebral. A doença pode
ser hereditária

Tratamento

Organizar a rotina

Organização é fundamental. Com a ajuda de profissionais, se faz uma reorganização do ambiente em que a pessoa vive e cria-se uma rotina - arrumar a mochila no dia anterior, guardar os objetos sempre no mesmo lugar, entre outros. Muitas vezes, só isso já resolve o problema

Remédios

São usados quando os sintomas são intensos e atrapalham a vida da criança. Como o cérebro é como um músculo, a ideia é treiná-lo para que os remédios não sejam usados a vida toda. O tempo mínimo é de 2 anos. Depois, há reduções gradativas até a suspensão completa

Como identificar

Sinais de alerta em criança e adolescente (se são frequentes)

- Deixar de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido em tarefas escolares e outras;
- Ter dificuldade em manter a atenção em atividades lúdicas;
- A criança parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;
- Não seguir instruções e não terminar tarefas;
- Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades;
- Perder coisas necessárias para tarefas (brinquedos, lápis, entre outros);
- Ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa;
- Apresentar esquecimento em atividades diárias;
- Agitar mãos e pés ou se remexer na cadeira;
- Abandonar sua carteira em sala de aula ou em outras situações em que se espera que ela permaneça sentada;
- Correr ou escalar em demasia, mesmo quando é inapropriado ao local ou situação;
- Estar sempre “a mil” ou “a todo vapor”;
- Falar em demasia;
- Responder antes mesmo da pergunta ter sido completada;
- Ter dificuldade para aguardar sua vez;
- Interromper ou se meter em assuntos
dos outros

A estatística mostra que, para cada três meninos com TDAH, apenas uma menina é diagnosticada com a doença. Mas, para a médica, os números representam desinformação e falhas de diagnóstico. “Ainda tem médico que acha que só meninos podem ter TDAH. Acho que a proporção correta é um para um”, afirmou.

Diagnóstico

A psiquiatra explica que a hiperatividade que marca a doença é cerebral (e não comportamental). Quem sofre de TDAH possui um excesso e uma velocidade de pensamento que dificulta manter a atenção. Reduzir o TDAH à agitação ou desinteresse pela escola faz com que crianças saudáveis façam tratamentos desnecessários.

“É muito difícil fazer um diagnóstico preciso antes da adolescência porque é preciso um histórico que prove que a pessoa sempre foi assim. Temos hoje uma epidemia de diagnósticos”, disse.

No entanto, é possível ficar atento a sinais de alerta, como um menino que não para em sala de aula ou uma menina quietinha, mas com notas ruins e o caderno sempre vazio. “São crianças que não andam, correm. Quebram e derrubam tudo. A ‘lei de Murph’ está sempre com elas”, contou.

No entanto, Ana Beatriz prefere dizer que essas crianças possuem instabilidade de atenção. “Quando ela gosta de algo, tem excesso de atenção. O problema é que essa atenção não vai para nenhum outro lugar. Mas não acho que podemos dizer que alguém que fica oito horas num jogo, por exemplo, tem déficit de atenção”, disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Encontre-nos no Facebook