quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Diretor de hospital onde morreram sete bebês em 43 dias admite que maternidade não está preparada para alto risco

 

Fonte: CBN VITÓRIA em http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/02/cbn_vitoria/reportagens/1406477-diretor-de-hospital-onde-morreram-sete-bebes-em-43-dias-admite-que-maternidade-nao-esta-preparada-para-alto-risco.html

21/02 - 14h05

Tiago Félix
tfernandes@redegazeta.com.br

Após a morte de sete bebês entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano no Hospital São Judas Tadeu, em Guarapari, a direção da unidade pretende acabar com o convênio que tem há 30 anos com o Sistema Único de Saúde (SUS). Mas o descredenciamento não estaria ligado exclusivamente às mortes das crianças, e sim ao fato da unidade ser remunerada com valores muito baixos pelo SUS para a realização dos partos. A explicação é do diretor clínico do hospital, Carlos Frederico Machado.
"O procedimento que iremos tomar não tem muito a ver com esse caso. Foi apenas um agravante. Não vamos fazer mais parto pelo SUS. Entre 30 e 90 dias queremos parar de atender. Vamos ver o tempo legalmente que precisamos", disse o diretor.

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Carlos Frederico Machado contestou a informação do coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Guarapari, Antônio Júnior, de que a maternidade não contava com ventilador mecânico e neonatologista de plantão durante o parto de um dos bebês que veio a óbito posteriormente. No entanto, reconhece que a unidade não tem estrutura para realizar partos de alto risco. "Existe sim o equipamento e o pediatra que faz o serviço de neonatologia. A maternidade não está preparada para alto risco. Ela não é para atendimento de alto risco e sim de risco habitual".

O médico negou também que tenha ocorrido negligência por parte da maternidade. Ele afirma que quatro especialistas participam dos partos e que os bebês receberam atendimento necessário. Mas as famílias querem uma resposta. É o caso da dona de casa Jedislaia Nascimento dos Santos, 17 anos, que perdeu o filho no último domingo (17), após ele ter complicação respiratória. Ela diz que fez o pré-natal durante a gestação e acompanhamento médico. A jovem atribui a morte do filho à negligência dos médicos.

"Estou muito mal com a morte do meu primeiro filho. As vezes brinco ou dou um sorriso, mas não esqueço de tudo o que aconteceu. A tristeza é muito grande. Quero justiça pela vida do meu filho, tirada assim", exige a dona de casa.

O assunto tomou conta das ruas de Guarapari. No comércio, nos ônibus e até nos bancos da cidade as pessoas comentavam sobre a morte dos bebês. O comerciante Valdecir dos Santos, 58 anos, estava revoltado. "A nossa cidade Saúde, que é Guarapari, conhecida nacionalmente, é uma precariedade na área da saúde. Só pensam nos turistas e esquecem da cidade. O município está revoltado com essas mortes", diz.

Outra que ficou revoltada com as informações foi a dona de casa Arlete Andrade Cunha, 59 anos. Ela diz que teve os filhos na mesma maternidade e nunca teve problemas. Arlete quer que sejam tomadas providências. "Estou muito sentida com essas notícia porque também sou mãe. Precisam solucionar este problema. O povo é quem sempre sofre".

O Ministério Público Estadual (MPES) vai apurar as sete mortes de bebês ocorridas em janeiro e fevereiro deste ano e avaliar o histórico de cada caso. O Conselho Regional Medicina (CRM-ES) decidiu abrir sindicância para também apurar o caso.

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