Fonte: http://saudeweb.com.br/35585/rotina-do-medico-e-transformada/
12 de março de 2013
De médico da família a consultas online. Mark Blatt, da Intel, analisa como a combinação da nuvem com a mobilidade podem transformar a rotina do médico e reduzir os custos do sistema de saúde
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Extras
Mobilidade e Nuvem: uma combinação que revoluciona a Saúde no mundo
Mobilidade nos hospitais: da implementação aos deafios e riscos
Médicos e pacientes discordam sobre mobilidade
Mark Blatt, da Intel: "A promessa da tecnologia (nuvem) é atender mais de 60% da demanda de forma ágil e menos custosa, o que diminui a necessidade de construir clínicas e hospitais"
Quatro de julho, feriado nos Estados Unidos e Mark Blatt, clínico geral, estava em plantão cobrindo a ausência de 12 médicos, de uma clínica, em meados dos anos 90. Naquele sábado de verão, Blatt – hoje diretor global de vendas da área médica da Intel – atendeu cerca de 200 ligações em um intervalo de quatro ou cinco horas.
“As minhas costas doem”. “Meu filho está resfriado e não para de chorar”. “Eu estava cortando a grama do meu jardim e agora minhas pernas estão coçando muito”. Oitenta por cento dos telefonemas durante a madrugada apresentavam reclamações desse tipo. Encaminhar tais pacientes ao pronto-socorro em um dia de desfalque não era a decisão mais adequada a ser tomada. “Comecei a fazer algumas questões-chave aos pacientes e percebi que com as perguntas certas, eu conseguia cuidar de 70% ou 80% das pessoas por telefone”, relembra o executivo que atualmente estuda como a Tecnologia da Informação (TI) pode viabilizar melhor assistência aos cidadãos e custo-benefício aos prestadores.
Em uma segunda-feira comum, ligações como essas seriam interceptadas pelas secretárias dos consultórios e se tornariam consultas. Em geral, o paciente tiraria meio dia de folga no trabalho para ir ao médico, ser examinado e receber, basicamente, a mesma resposta que Blatt tanto deu naquele feriado de independência americana.
“E foi quando eu comecei a me perguntar o que estava fazendo no meu consultório. Eu estava desperdiçando o tempo e o dinheiro das pessoas. O paciente tem de pagar U$ 100 por consulta, tirar licença no trabalho e ir até o consultório para ouvir o que poderia ouvir em 90 segundos por telefone de onde quer que esteja”, afirma o diretor, evidenciando o quão burocrático e custoso ainda é a prática da medicina no mundo.
Momento decisivo
Entretanto, passados duas décadas, a tecnologia se mostra apta para revolucionar o modelo assistencial vigente e a mobilidade é a grande propulsora dessa tendência. Países como China e Inglaterra são exemplos de como as informações de saúde podem estar integradas e armazenadas na nuvem. Para Blatt, o Brasil está no momento de arquitetar a entrega de melhores serviços de saúde com a TI.
“Naquele plantão, imagine o que eu poderia ter feito se tivesse acesso ao histórico dos pacientes por meio de registros eletrônicos na nuvem e ainda a possibilidade de realizar uma videoconferência”, relembra Blatt, que mudou radicalmente a maneira de pensar ao longo dos anos. A sua escolha pela profissão foi influenciada por um programa de televisão da década de 70, protagonizado pelo médico americano Marcus Welby, que cuidava dos avós, filhos e netos de uma mesma família.
O método de Welby é claramente insustentável nos dias atuais e o executivo garante que estão disponíveis tecnologias seguras para grandes transformações; resta, agora, vontade política e mentalidade aberta aos médicos e demais profissionais. “A ideia é que o histórico do paciente exista na nuvem e que o médico consiga acessá-lo via tablet ou outros dispositivos móveis”, explica.
Sistemas de monitoramento e pacotes de imagens também na nuvem são outras tecnologias complementares à assistência remota que, segundo Blatt, possibilitam a transição por dados e histórico do doente durante a consulta. “Posso ver imagens de exames completos e ir passando de uma coisa para outra. E, em vez de apenas falar com você, eu posso iniciar uma sessão Skype e ter todas essas janelas abertas ao mesmo tempo. Seria ótimo se fossem integrados, se fossem só um sistema, mas podemos começar com sistemas separados”, relata o executivo, que enfatiza a importância da criptografia dos dados que estão na nuvem e da autenticação do usuário para manter a segurança.
A promessa da tecnologia, de acordo com o diretor da Intel, é atender mais de 60% da demanda de forma ágil e menos custosa, o que diminui a necessidade de construir clínicas e hospitais; como o caso da Suécia, que teve quase a metade dos hospitais fechada nos últimos dez anos devido a implantação de um sistema de registros médicos na nuvem.
Havaí
Com respaldo legal, empresas de seguro saúde no Havaí oferecem consultas online de dez minutos para todos os cidadãos por US$ 25 ou US$ 35, caso seja necessário um especialista. “Eles também devolvem seu dinheiro se o médico não conseguir resolver seu caso e você tenha que passar por consulta pessoalmente”, conta Blatt.
EUA
As empresas de seguro-saúde americanas estão mostrando interesse pelo uso da computação fora da estrutura hospitalar, porque o custo de entrega do serviço pode ser reduzido. Já existem empresas no País que, sustentadas por anúncios de propaganda, oferecem gratuitamente o armazenamento de registros eletrônicos na nuvem.
Outro modelo é a cobrança mensal, por médico, para utilizar os dados na nuvem. “Depende de como os médicos querem receber seus dados. Eles podem comprar um aplicativo, carregar no tablet e rodar em um servidor na nuvem. Eles também podem usar aplicativos baseados na web e pagar um preço diferente. Ou ainda comprar um software por US$ 10 mil e carregá-lo em dispositivos móveis”, explica.
Inglaterra
Na Inglaterra, os médicos são responsáveis pela compra de hardwares e softwares e, assim, disponibilizam os dados na rede nacional conhecida como Spine. Todos estão na mesma rede de e-mail, a maior do mundo, com cerca 1,7 milhão de membros, o que possibilita que um médico no extremo norte do país consiga marcar uma conversa com um especialista em Londres em tempo real.
China
A China possuía 1,2 milhão de médicos tratando 800 milhões de pessoas e, para resolver essa disparidade, o governo chinês investiu, em 2008, na estruturação de uma rede, distribuiu computadores móveis a milhares de moradores de vilarejos e treinou seus médicos para atendê-los.
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