14/03/2013 - 16h25 - Atualizado em 14/03/2013 - 17h13
O caso ocorreu na última segunda-feira (11), no Hospital São Camilo, e gerou discussão nas redes sociais
Foto: Arquivo Pessoal |CIDADÃO REPÓRTER
Mãe ficou perplexa com o conteúdo da receita médica
Na última segunda-feira (11), a agente de saúde Luana Tomaz, de 22 anos, levou o filho Aryel, de 6 meses até o pronto-socorro do Hospital São Camilo, em Aracruz. A criança apresentava quadro de tosse, secreção e suspeita de pneumonia. Ela chegou ao local por volta das 18h e permaneceu até às 23h, quando um pediatra plantonista atendeu ao menino. A consulta ocorreu normalmente e o profissional receitou medicamentos para a reversão do quadro de inflamação do bebê. A surpresa foi um dos "remédios" da receita: vodca.
"Tudo correu normalmente até a hora em que fui comprar os remédios, no dia seguinte. O farmacêutico estranhou o que havia sido prescrito. Quando li vodca, não associei a palavra à bebida. Pensei se tratar de um medicamento de fato, pois nunca soube que uma bebida alcoólica poderia ser usadao no tratamento de uma criança. Fiquei revoltada e sem saber o que fazer. No mesmo dia, uma outra mãe passou por situação semelhante", disse Luana.
A agente de saúde comentou sobre a história com familiares e conhecidos, e o caso e a foto da receita repercutiram rapidamente nas redes sociais e também entre os moradores de Aracruz.
A receita
Na receita, o pediatra indica que a bebida deveria ser dosada com outras medicações - dentre elas Berotec, soro e Atrovent - e usada no procedimento de nebulização da criança a cada seis horas, pelo período de sete dias.
E por mais absurdo que possa parecer, o procedimento adotado pelo profissional não está errado. Um médico pediatra que trabalha há 35 anos na área, e que não será identificado, diz que não há erros na conduta do colega de profissão. "Nas pessoas mais novas isso causa estranheza e até indignação, mas do ponto de vista médico não existe nada de anormal. No passado, pelo menos há uns 20 anos, a vodca era empregada como fluidificante em tratamentos respiratórios, ou seja, a bebida servia para tornar a secreção menos densa e facilitar a eliminação da mesma", explicou.
Com o aparecimento de novas medicações, essa técnica foi substituída e quase não é mais usada. "Por diversas vezes prescrevi vodca a meus pacientes. Era normal. Por ser composta basicamente por álcool e água destilada, a bebida era empregada em uma eventual falta do álcool. Com o surgimento do Atrovent, por exemplo, fazer uso desse procedimento passou a ser raro", salientou ele.
O profissional destacou que a bebida e a medicação têm atuações semelhantes, mas se utilizado em dosagem errada, o álcool poderia provocar uma irritação dos brônquios da criança. "Não há risco nenhum se empregado corretamente. É mais perigoso errar na dosagem de um outro medicamento do que na vodca, como é o caso do Berotec. Essa mãe pode ficar tranquila, pois o filho dela não corre risco da parte médica. Apenas saliento que esse não é o procedimento mais habitual, por isso a estranheza", concluiu.
CRM
A reportagem do Gazeta Online procurou o Conselho Regional de Medicina do Estado do Espírito Santo, que afirmou, via assessoria, não ter conhecimento legal do caso. Entretanto, o CRM orienta que a mãe do bebê denuncie o caso ao Conselho, caso se sinta lesada. Luana também pode solicitar um parecer de conduta junto ao órgão, para que seja analisado o procedimento adotado pelo pediatra, mas para isso é necessário que ela apresente a receita médica.
Em resposta o representante executivo do Hospital São Camilo Clemárcio Angeli, esclareceu que o Hospital fez uma consulta com a Sociedade Brasileira de Pneumologia para saber se há contra-indicação do uso do medicamento aliado a vodca. "Assim que eles se manifestarem contra ou a favor, vamos entrar em contato com o Conselho Regional de Medicina (CRM)", disse. Segundo Angeli, o ocorrido não passa de um achismo de um leigo que olhou o produto e estranhou.
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