Fonte: FOLHA VITÓRIA em http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2013/02/centro-estadual-de-transplante-e-inaugurado-no-rio.html
21/2/2013 às 19h34 - Atualizado em 21/2/2013 às 19h34
Estadão Conteúdo
Redação Folha Vitória
Rio de Janeiro - Grande parte da equipe de transplante do Hospital Federal de Bonsucesso transferiu-se para o novo Centro Estadual de Transplante, inaugurado na manhã desta quinta-feira pelo governador Sérgio Cabral. As cirurgias no hospital federal estão suspensas desde dezembro, por falta de pessoal. O defensor público federal, Daniel Macedo, abriu procedimento para investigar a interrupção do serviço no HFB.
"Há 31 anos se realizava transplante renal no Hospital de Bonsucesso e há 13, o transplante hepático. Estive lá. Existem insumos, medicamentos, encontrei um hospital de primeiro mundo. Houve erro grave do Ministério da Saúde em não fazer novos concursos para substituir os profissionais que se aposentaram. Estamos colhendo provas para abrir uma ação civil pública contra a União", afirmou o defensor, do Segundo Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva.
A crise no HFB vem se arrastando. Há dois anos, a emergência começou a funcionar em contêineres provisoriamente, durante a reforma do setor. A obra foi paralisada e até hoje os pacientes são atendidos em "emergências de lata", que estão superlotadas. A neurocirurgia teve duas enfermarias fechadas por falta de ar-condicionado, informou o diretor jurídico do Sindicato dos Médicos, Júlio de Noronha, clínico da instituição.
"Cometeram um crime. Desmontaram um serviço público sólido e transferiram para uma unidade privada, coordenada por uma Organização Social. O paciente transplantado precisa ser acompanhado ao longo da vida, tem complicações e precisa de internações. O HFB tem capacidade para atender esse paciente. O hospital que abriga esse novo centro não tem como fazer esse acompanhamento mensal", afirmou Noronha. O governador Sérgio Cabral e o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes, estiveram na inauguração do novo centro, mas se recusaram a dar entrevista.
Equipe
Médicos, enfermeiros e assistentes sociais que faziam parte da equipe do HFB estiveram nesta quinta no CET. "É doloroso ver um hospital parando", comentou a assistente social Vanda Regina Borges, que trabalha há 26 na instituição federal e vai conciliar os dois empregos. Já o médico Lúcio Pacheco, que assumiu o cargo de coordenador de transplante hepático no CET, pediu licença sem vencimentos. "Não havia equipe cirúrgica. Um lugar não pode fazer transplante se não tem condições para isso", afirmou Pacheco.
"Não matamos Bonsucesso", resume a coordenadora de transplante renal do CET, Deise Monteiro de Carvalho, fundadora do serviço no hospital federal. "A população ganha se existirem dois centros de transplante". A meta do CET é fazer 300 transplantes por ano - 200 renais e 100 hepáticos. Os pacientes cadastrados no HFB foram convidados a migrarem para a nova instituição. Procurado, o núcleo do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro não respondeu às questões encaminhadas pela reportagem até as 18h30.
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