quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Respira Vitória: poluição causa danos à saúde mesmo dentro dos padrões

 

Fonte: SECULO DIÁRIO em http://seculodiario.com/exibir.php?id=4824&secao=10

Atualização do inventário de emissões é uma das prioridades apontadas pelos especialistas

Kauê Scarim

05/02/2013 18:15 - Atualizado em 05/02/2013 18:57

Na reunião desta terça-feira (5) do Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) Respira Vitória, a primeira do ano após o recesso da Câmara de Vereadores de Vitória (CMV), os três palestrantes convidados confirmaram algo já presente na maioria dos discursos sobre a poluição do ar e seus malefícios à saúde humana: mesmo dentro dos padrões estabelecidos pelas leis existentes, ainda é grande o impacto negativo dos poluentes para as pessoas.

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Outro consenso no encontro foi a necessidade de mais estudos específicos sobre a área, em especial sobre as fontes de cada tipo dentre as partículas causadoras de malefícios à saúde. Assim, seria possível finalmente definir, de modo oficial, qual é a fonte real da poluição, para além do “empurra-empurra” atual da questão – empresas poluentes se eximem da responsabilidade, o poder público continua inoperante na fiscalização e punição e a população, em meio ao imbróglio, segue sofrendo.

Uma das primeiras frases do último palestrante do dia, o médico pneumologista da Ufes Valderio Dettoni, define bem a questão: “Não existe poluição segura ou inofensiva”. Segundo ele, vários estudos já realizados provam que pode-se encontrar problemas graves de saúde mesmo dentro dos padrões considerados de “segurança”.

O professor apresentou algumas pesquisas provando a relação direta entre a alta concentração de poluentes atmosféricos e os impactos na saúde, relacionando com muitas doenças, como pulmonares, cardíacas, cânceres e asma, e, inclusive, com o aumento da mortalidade. 

Mesmo assim, Valderio Dettoni critica os que pensam que apenas quando a poluição causa doenças de modo direto é que a população deve se preocupar com os efeitos. “Não é preciso que as pessoas morram para que falemos de saúde”, frisa. Para ele, apenas o fato de a poluição afetar diretamente o bem-estar das pessoas deve ser tema de grande preocupação.

Já Dione Miranda, da Secretaria Municipal de Saúde de Vitória, também palestrante do encontro, trouxe dados do programa Vigiar, de acompanhamento dos riscos oriundos da poluição do ar à saúde humana.

Para ela, ainda são necessários muitos dados para suprir as limitações das análises, motivadas principalmente pela falta de dados e pela baixa frequência de sua coleta.

Outra palestrante da reunião, Maria de Fátima Dettoni, da Secretaria de Estado da Saúde, frisou a necessidade de identificar as fontes para analisar e definir as responsabilidades pelos malefícios. Isso acontece pela falta de estudos concretos, em Vitória, sobre as fontes dos poluentes. Para os especialistas, sabe-se apenas que as principais são os complexos industriais e a alta concentração de veículos automotivos.

As pesquisas feitas, em geral, tratam sem especificidade do tema, o que em geral torna-se argumento para as grandes empresas poluidoras, que se consideram isentas das responsabilidades sobre os malefícios das emissões.

Além disso, Maria de Fátima afirmou que é preciso mais do que apenas estudos, frisando a necessidade de atualização do inventário de emissões da Grande Vitória. 

Hoje, há grande expectativa sobre os rumos que a nova gestão da Prefeitura de Vitória, cuja Secretaria de Meio Ambiente é comandada por Cleber Guerra (PSB), vai dar para a Lei de Controle da Poluição do Ar, de autoria do vereador Namy Chequer (PCdoB). A lei foi aprovada em maio de 2011, mas até agora não foi colocada em prática. Com ela, seria possível para a população da Capital acompanhar os índices de emissões de poluentes.

O GTI Respira Vitória foi criado a partir do Seminário Respira Vitória, realizado em junho de 2012, por iniciativa do vereador Serjão Magalhães (PSB), presidente reeleito da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, e está em período de apresentação de dados técnicos para ser criada uma legislação mais rígida para assegura a qualidade do ar da GV.

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