Fonte: http://www.ohoje.com.br/noticia/10369/funcionarios-do-samu-ameacam-paralisacao
Condições precárias de trabalho e salários defasados causam insatisfação da classe, que dá 7 dias para resposta da Secretaria
ANGÉLICA QUEIROZ E LYNIKER PASSOS
Em 01/03/2013, 01:02
Ambulâncias sucateadas, materiais hospitalares escassos e salário defasado. Segundo funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), essa é a realidade da unidade de Goiânia. A categoria, composta por pelo menos 180 profissionais de saúde, reivindicou melhorias na manhã de ontem e ameaça paralisar o atendimento caso a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não apresente uma resposta convincente aos servidores.
Segundo o técnico em enfermagem do Samu Gilberto Júnior, das 17 unidades móveis de atendimento, somente 12 estão em condições de circular. “As outras permanecem paradas por problemas mecânicos”, revela. Ele afirmou que o déficit aumenta, e muito, o tempo de resposta no socorro emergencial. “O atendimento deve ser feito no prazo de 15 a 20 minutos após a solicitação.” No entanto, com a defasagem citada, o solicitante tem de aguardar até uma hora para ser socorrido. “Isso depende do quantitativo de ocorrências registradas. Geralmente, atendemos cerca de 13 pessoas por dia.”
Mesmo as ambulâncias que atualmente socorrem as vítimas de algum tipo de acidente apresentam problemas. Algumas não possuem radiocomunicador, outras estão com bancos enferrujados e macas quebradas. Se a solicitação for para o socorro de uma criança, a situação fica ainda pior. Falta equipamento específico para aferir a pressão arterial e talas para mobilização de algum membro quebrado. O risco de infecção também é constante. Em ocorrências nas quais a vítima necessita de auxílio respiratório, “o aparelho, que deve ser descartável, é reutilizado várias vezes”, conta o técnico em enfermagem Gilberto Júnior. A maca na qual os pacientes são conduzidos é feita de madeira e ainda apresenta manchas de sangue, difíceis de serem retiradas.
Não são apenas os problemas estruturais que prejudicam o atendimento na capital. A falta de recursos pessoais também é um dos motivos da reivindicação. Segundo a própria categoria, o Samu deveria ter 300 profissionais no quadro efetivo de funcionários, mas hoje tem apenas 180. Gilberto ainda disse que acontecem casos em que as ambulâncias ficam paradas por falta de equipe. “Algumas vezes, em virtude da sobrecarga dos funcionários, alguns têm problemas de saúde e deixam de vir trabalhar.” Ele ainda disse que alguns chegam a pedir demissão devido às condições precárias de trabalho.
A servidora Ana Rosa considerou o serviço muito estressante e que os trabalhadores não possuem nem condições adequadas de descanso no período em que estão aguardando as chamadas. Os funcionários estão fazendo até mesmo uma vaquinha para comprar ar condicionado e colchão para o alojamento.
Profissionais pedem 100% de reajuste
Os profissionais da saúde reclamam que a média salarial é de 900 reais, para uma carga horária de 12 horas diárias. “Nós precisaríamos ter dois empregos, mas isso é inviável porque no Samu não temos hora pra sair”, detalhou Ana Rosa. Ela reclama ainda que os servidores não recebem gratificação por periculosidade. “Eles entendem que o risco que a gente corre não é agraciado pela regulamentação.”
A categoria deve apresentar hoje de manhã a proposta para o secretário municipal de Saúde, Fernando Machado. A reivindicação consiste em gratificação de 100%, em razãoda atividade diferenciada pelo tipo de periculosidade. A intenção é de que a média salarial chegue a R$ 1.800.
Além disso, os funcionários também pretendem conseguir vale-alimentação. “Nós não temos tempo para alimentar. O vale-refeição vai agilizar nosso trabalho, pois vamos poder almoçar ou lanchar na rua.”
A reportagem solicitou à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) as mesmas informações repassadas pelos funcionários do Samu, mas não obteve resposta. A assessoria de imprensa do órgão preferiu manter a nota repassada ontem pela manhã, que informava que a secretária ainda não havia sido notificada oficialmente sobre o movimento, mas que estava aberta à negociações.
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