segunda-feira, 1 de abril de 2013

Programa de computador antecipa diagnóstico de Alzheimer

 

Fonte: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/04/voce_ag/vida/1426815-programa-de-computador-antecipa-diagnostico-de-alzheimer.html

01/04/2013 - 13h51 - Atualizado em 01/04/2013 - 13h56

 

Software capixaba conseguiu prever chance da doença com 80% de certeza

Leila Colnago, comerciante, entrevistada sobre software que prevê chance de desenvolver Alzheimer - Editoria: Vida - Foto: Gabriel Lordêllo

Renata Lacerda
rlacerda@redegazeta.com.br

Identificar a chance de um idoso desenvolver o Mal de Alzheimer até dois anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas e com até 80% de segurança. Pode parecer um sonho, mas já é realidade graças a uma invenção capixaba. O médico geriatra Hebert Cabral desenvolveu um programa de computador capaz de prever as chances de desenvolvimento da doença, permitindo o seu diagnóstico e tratamento precoce.

“Durante meu doutorado, fizemos uma pesquisa com 563 idosos ainda sem a doença e fizemos o teste para ver o computador era capaz de predizer quem teria o Alzheimer. Dois anos depois, voltamos para ver quem teve a doença. O software teve um acerto de 70% a 80%”, contou Cabral.

Tratamento

O objetivo do teste é que, com o diagnóstico precoce, o idoso comece a tomar remédios para retardar o avanço da doença, que não tem cura, e melhorar sua qualidade de vida.

“Dar medicamento não muda o desfecho da doença, não para o seu desenvolvimento. Mas permite que o idoso fique mais tempo na fase inicial, que é mais lenta e dura, normalmente, de 3 a 5 anos . É nesses anos iniciais que a qualidade de vida é maior. Em alguns pacientes, os remédios chegam a estabilizar a doença por um tempo. Os idosos não melhoram, mas também não pioram”, explicou.

O software é um teste de computador capaz de avaliar a memória, a atenção e a linguagem do idoso, sem o efeito da aprendizagem que se tem, por exemplo, num jogo de videogame - com o tempo, se aprende as melhores formas de usá-lo, melhorando a performance. Cabral explicou que o paciente faz o teste sozinho, ou seja, não há possibilidade de interferência nos resultados por parte de quem aplica a avaliação.

Só particular

O programa ainda não é vendido comercialmente, mas já está sendo usado em alguns pacientes da rede particular, como a empresária Leila Colnago, 74 anos. Ela foi levada ao médico pela neta, a psicóloga Mariana Calhau de Figueiredo, 22, que notou quando a avó começou a ter problemas de memória e dificuldades para dormir.

“Ela ficou muito preocupada e a gente também porque ela sempre foi muito saudável e estava meio tristonha. Meu avô teve Alzheimer e hoje está muito debilitado. Por isso, resolvemos procurar um médico logo nos primeiros sinais de algo estava errado”, contou.

Em outubro de 2012, Leila fez os testes e descobriu que o seu problema não era Alzheimer. Os distúrbios de sono tinham fundo emocional - por conta de dificuldades que a família passava no período. As noites mal dormidas afetaram a memória.

“Fiquei aliviada. Eu me adapto bem a coisas modernas e não tive problema nenhum com o computador. Fiz o tratamento e estou ótima agora e continuo trabalhando. Há 35 anos tenho comércio, me sinto produtiva e respeitada”, contou Leila.

Acidentes

Uma variação do software que ajudou Leila está sendo usado em grandes empresas para evitar acidentes de trabalho. Mais de 8 mil trabalhadores de indústrias do Espírito Santo e Minas Gerais participam de um teste diário para avaliar sua atenção e concentração. Se o computador apontar algum problema, o funcionário é impedido de trabalhar na função perigosa.

“A alteração pode ser por conta de uma ansiedade, uma depressão ou mesmo uso de drogas. Mas há punição. O objetivo é evitar acidentes e encaminhar quem está com problema para o serviço médico”, explicou Cabral.

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