Segundo o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, laboratório começará a fornecer medicamento às farmácias populares até 2017
Por: Júlia Rabahie, da Rede Brasil Atual
Publicado em 16/04/2013, 13:25
Última atualização às 13:31
Alexandre Padilha conversa com a presidenta Dilma durante a cerimônia em Minas (Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Folhapress)
São Paulo – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou hoje (16) a retomada de produção de insulina no Brasil após 12 anos de interrupção. A insulina é hormônio humano responsável pela redução da taxa de açúcar no sangue. A produção nacional foi interrompida em 2001, quando o laboratório que fornecia ao SUS, a Biobrás, foi vendido a um grupo multinacional. Segundo o ministro, até 2017 os brasileiros poderão comprar o medicamento em farmácias populares.
O anúncio foi feito em cerimônia em Nova Lima (MG), onde será construída uma fábrica da Biomm Technology, empresa que produzirá a insulina.
A Biomm foi criada a partir da cisão da Biobrás e passa a operar em Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo Padilha, a parceria permitirá ao Brasil conquistar autonomia tecnológica para acabar com dificuldades no abastecimento do medicamento e com a vulnerabilidade em relação a flutuações de preços no mercado internacional. “O Brasil agora faz parte do seleto grupo de quatro países que produzem a insulina. Assinamos com laboratórios público e privado, que querem transferir tecnologia. A parceria desenvolve nova tecnologia. A Biomm estará transferindo tecnologia para a Fiocruz.”
Ele ressaltou a “segurança para os pacientes” de diabetes. “Quando o mercado só tem três países detendo a produção, a oferta de insulina fica permanentemente sob pressão. Temos que correr atrás disso, incentivar a inovação, e garantir o direito à cidadania.”
Dados do Ministério da Saúde estimam que há 10 milhões de diabéticos no país. O ministro afirmou que em 2012 houve uma diminuição expressiva de número de internações pela doença, graças ao maior acesso aos medicamentos indicados e às orientações médicas. No mesmo ano, cerca de 145 mil frascos de insulina foram utilizados para tratamento de pacientes pelo SUS, ainda segundo Padilha.
Dilma
A presidenta Dilma Rousseff caracterizou a retomada de produção da insulina como um “momento de ressurgimento, que muito tem a ver com a situação atual do Brasil.”
Ela lembrou que nos últimos dez anos, quando a produção foi interrompida, o país passou por grandes modificações. “Mudou a forma pela qual todos nós nos vemos, todos olhamos para o Brasil. Quando a Biobrás foi interrompida, aquilo fazia parte não só dos reveses da política econômica vivenciada na época, mas também uma forma de olhar o Brasil.”
Dilma destacou um “ambiente favorável para o estabelecimento da Biomm no Brasil”. “Olhamos o país e sabemos que não é pretensão. Temos certeza de que em 2014 colocaremos insulina em todas as farmácias populares e com isso mudar história do Brasil no que se refere a biotecnologia”, finalizou.
A Biobrás, fundada em 1976 pelo cientista Marcos Mares Guia e pelo engenheiro Guilherme Emrich, foi comprada pela dinamarquesa Novo Nordisk por US$ 75 milhões em dezembro de 2001, mas a transação só foi liberada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em agosto de 2003. A empresa dominava o mercado nacional de insulina recombinante, a insulina humana produzida em bactérias transgênicas.
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