quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Agrotóxico, o assassino silencioso

 

Fonte: SÉCULO DIÁRIO em http://www.seculodiario.com.br/old/exibir_not_coluna.asp?id=23010

18/05/2012

Editorial

Apesar de ter recentemente ultrapassado a Grã-Bretanha e assumido o posto de sexta maior economia mundial, o Brasil ainda convive com problemas típicos de países pobres. Ostentamos, por exemplo, a perigosa marca de ser o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O veneno, que está presente em quase todos os alimentos que consumimos diariamente, vem adoecendo e matando milhares de pessoas em todo o País. O que é pior, de maneira silenciosa e perniciosa.

A informação repercutida no Brasil de que o governo francês reconheceu, por meio de um decreto, a relação entre o uso de agrotóxicos e a doença de Parkinson, divulgada esta semana pelo jornal Le Monde, confirma o alerta de diversos estudos que apontam o agrotóxico como o agente causador de uma série de doenças.

Além do Parkinson, a lista de doenças causadas aos trabalhadores que manipulam diretamente o veneno, seus familiares e consumidores finais, é grande: impotência, má formação fetal, problema renal, depressão, câncer, lesão neurológica e distúrbios hormonais, só para citar as mais conhecidas.

Na região serrana do Espírito Santo, estudos apontam que o uso indiscriminado de agrotóxico é responsável pelo aumento dos casos de suicídio entre agricultores. Em muitos casos, o agricultor fica impotente ainda muito jovem. O estado de impotência prematuro causa a depressão e, consequentemente, leva ao suicídio.


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Apesar das evidências, a relação causa-efeito sobre as doenças e mortes provocadas pelo uso contínuo do veneno agrícola é ainda bastante velada. Por isso, o reconhecimento do governo francês, por meio de um decreto, no caso do Parkinson, foi tão festejado pelas entidades que combatem o uso indiscriminado de agrotóxicos.

As entidades sabem que, na prática, o trabalhador, mesmo após ser diagnosticada a intoxicação química pelo uso de agrotóxico, é mantido pelo dono da terra na atividade ocupacional, não recebendo da previdência social o reconhecimento de portador de doença profissional e o amparo beneficiário necessário.

A indiferença do empregador e a negligência das autoridades previdenciárias, que não dão respaldo ao trabalhador, contribuem para que o efeito cumulativo da exposição ao veneno cause danos, muitas vezes, irreversíveis. A exposição crônica invalida a vítima para a atividade profissional. Isso quando o desfecho desse processo silencioso não resulta na morte do trabalhador.

O reconhecimento do governo francês é um alerta às autoridades brasileiras. Nossos governantes e legisladores ainda continuam tratando a questão do agrotóxico como um problema secundário. A prova desse descaso é a ausência de leis efetivas capazes de fiscalizar e punir com rigor os produtores que usam o agrotóxico de maneira irresponsável. Faltam também política públicas que regulamentem e dificultem o uso do veneno e que, ao mesmo tempo, incentivem o uso de técnicas limpas e saudáveis. Já passou da hora das autoridades deste País colocarem a saúde da população na frente dos interesses econômicos dos grandes empresários do campo. Chega de veneno!

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