Pesquisa é a primeira a sugerir ligação entre exposição alimentar ao ftalato e risco de hipertensão em crianças e adolescentes
Aditivo químico presente em alimentos processados e embalagens plásticas pode causar aumento da pressão arterial de crianças e adolescentes. É o que mostra estudo realizado na NYU Langone Medical Center, nos EUA.
A pesquisa sugere que a exposição aos ftalatos pode representar um risco para a saúde cardíaca dos jovens.
O trabalho foi descrito no The Journal of Pediatrics.
Baseando-se em dados de uma pesquisa nacional de cerca de 3 mil crianças e adolescentes, os pesquisadores documentaram, pela primeira vez, uma ligação entre a exposição alimentar a DEHP (di-2-ethyhexylphthalate), classe comum de ftalato amplamente utilizada na produção industrial de alimentos, e a elevação da pressão arterial sistólica.
"Os ftalatos podem inibir a função das células cardíacas e causar estresse oxidativo, que compromete a saúde das artérias. Mas ninguém tinha explorado a relação entre a exposição ao ftalato e saúde do coração em crianças", afirma o principal autor Leonardo Trasande.
A hipertensão arterial é definida clinicamente como uma leitura da pressão arterial sistólica acima de 140 mmHg. É mais comum em pessoas com mais de 50 anos de idade, embora a condição esteja se tornando cada vez mais prevalente entre as crianças devido à epidemia de obesidade global. Pesquisas nacionais recentes indicam que 14% dos adolescentes americanos agora têm pré-hipertensão ou hipertensão. "A obesidade está impulsionando a tendência, mas nossos resultados sugerem que fatores ambientais também podem ser parte do problema. Isto é importante porque a exposição de ftalato pode ser controlada por meio de intervenções reguladoras e comportamentais", observa o pesquisador.
A equipe examinou seis anos de dados de uma pesquisa nacional representativa da população dos EUA. Ftalatos foram medidos em amostras de urina utilizando técnicas de análise convencionais.
Os resultados mostraram que cada aumento de três vezes no nível dos produtos de degradação de DEHP na urina foi correlacionado com cerca de aumento de um milímetro de mercúrio na pressão sanguínea das crianças e adolescentes. "Esse aumento pode parecer muito modesto no nível individual, mas em um nível populacional tais mudanças na pressão sanguínea podem aumentar o número de crianças com pressão arterial elevada substancialmente. Nosso estudo enfatiza a necessidade de iniciativas políticas que limitam a exposição a substâncias químicas ambientais perturbadoras, em combinação com intervenções dietéticas e comportamentais voltadas para a proteção da saúde cardiovascular", conclui Trasande.
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