segunda-feira, 4 de março de 2013

O CRER INICIA PROCEDIMENTO QUE PERMITE A PACIENTES COM PERDA PROFUNDA DE AUDIÇÃO PASSAR A OUVIR

 

Fonte: CENTRO DE REABILITAÇÃO E READAPTAÇÃO em http://www.crer.org.br/pt-BR/servletmain?business=NoticiaAction&action=buscarNoticia&codigo=286

Publicado no site de notícias Goiás Agora - 01/03/2013

Por Maria Antonieta Toledo

Imagine a emoção de permitir a uma pessoa ouvir, pela primeira vez em sua vida, os sons que permeiam o seu dia a dia? Ou mesmo, resgatar a audição de quem há tempos perdeu essa capacidade ao longo da vida? Para a equipe de profissionais do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), essa conquista tem se tornado uma doce e desafiante realidade. Após cinco anos de muito empenho para conseguir adequar a unidade às exigências do Ministério da Saúde, o Crer conseguiu há oito meses ser credenciado para a realização de Implante Coclear.

O procedimento, que combina uma cirurgia de alta complexidade a uma série de sessões de fonoaudiologia para habilitar o paciente a fazer uma perfeita interpretação dos sons, já beneficiou 14 portadores acometidos com a perda auditiva profunda bilateral, ou seja, nos dois ouvidos.

O pequeno João Augusto Melo Godinho, de dois anos, natural de Pirenópolis (a 120 quilômetros da capital goiana) passou recentemente por essa experiência. Ao ser detectada logo no seu nascimento a perda profunda de audição nos dois ouvidos, seus pais Ivan Araújo Godinho, 39, e Maria Cristina de Melo Godinho, 37, travaram uma luta para definir a melhor forma de garantir a qualidade de vida do filho caçula. “É sempre um grande choque receber um diagnóstico como esse, que é construído após três diferentes testes, enquanto a criança possui apenas meses de vida. Você sempre nutre a esperança de que essa perda possa ser revertida com o tempo, ou no resultado do próximo exame. Mas isso não aconteceu com nosso pequeno João Augusto”, relata.

O casal foi orientado a buscar ajuda no Crer e, após uma consulta na rede pública de saúde, conseguiu o encaminhamento para o centro de referência. Lá, o primeiro procedimento foi a adoção de um aparelho externo de audição para identificar se haveria alguma melhora. No entanto, avaliações e exames detalhados identificaram o implante coclear como a opção mais indicada para o desenvolvimento da audição da criança.

“Foi uma decisão difícil de ser tomada. Mas a equipe do Crer foi muito atenciosa em nos explicar sobre as vantagens do procedimento e os benefícios da cirurgia”, recorda. Hoje, passado pouco mais de um mês da cirurgia, João Augusto já identifica o seu próprio nome e evolui diariamente na tentativa de interagir por meio da fala com os que estão ao seu redor. Ao ativar o aparelho implantado, mãe e filho reagiram da mesma forma às primeiras palavras ditas pela equipe médica: com lágrimas nos olhos.

A triagem

Conforme explica o responsável técnico pelo procedimento, o otorrinolaringologista Sérgio de Castro Martins, o implante coclear, oferecido integralmente pelo Sistema Único de Saúde no Crer, custará na rede privada em torno de R$120 mil, apenas a cirurgia, sem levar em conta o valor dos exames e o acompanhamento fonoaudiológico feito posteriormente. “Temos orgulho de oferecer um tratamento integral 100% gratuito, inclusive com a realização de exames de última geração”, alega Sérgio.

Uma equipe multidisciplinar composta por otorrinos, fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais é responsável por avaliar o quadro clínico do paciente, sua aceitação diante da deficiência auditiva e as condições financeiras necessárias para a manutenção do aparelho implantado. “Infelizmente, ainda não temos uma portaria governamental que determine o custeio da manutenção do aparelho, o qual acaba ficando a cargo da família. Estamos falando de um aparelho que consome baterias no valor de R$500 a R$700, a cada dois anos. É muito importante que a família tenha condições de custear a sua manutenção”, explica o coordenador.

O procedimento

A cirurgia para a implantação do aparelho dura de quatro a cinco horas. Uma equipe composta por cinco médicos e dois fonoaudiólogos se dedica à implantação e ao teste do aparelho, que nada mais é do que um feixe ultrafino com eletrodos adaptado à parte do ouvido interno, a cóclea.
Passado um mês do procedimento, tempo concedido para a cicatrização, é adaptada a sua parte externa, semelhante a um aparelho auditivo convencional, e que se interliga ao implante por um sistema similar ao de imã. “Somente depois da conexão com a parte externa é que fazemos a ativação do aparelho e o paciente passa a identificar os sons por meio de impulsos elétricos transmitidos para a parte interna do ouvido”, esclarece.

(Re)aprender a escutar

Conforme explica a fonoaudióloga Thaís Nasser Sampaio, após a ativação do aparelho inicia-se um processo de descoberta, percepção, localização, identificação e compreensão dos sons. “Quando o procedimento é feito em alguém que nunca escutou na vida, ele vai ter dificuldade em identificar os sons que passou a escutar pois, até então, não fazem sentido algum para ele”, explica Thaís.

Além disso, quando o implante é realizado em pacientes que perderam a audição há muito tempo, a mesma dificuldade é encontrada, pois, com o tempo, o cérebro perde as habilidades auditivas de interpretação do som. “É um recomeço nos dois sentidos”, analisa.

Os profissionais indicam que a cirurgia seja feita o mais rápido possível nos dois casos. Seja em um bebê que já nasceu sem a audição ou em uma pessoa que perdeu a audição há pouco tempo. “Melhores resultados são garantidos”, alega a fonoaudióloga.

As terapias fonoaudiológicas, obrigatórias após a cirurgia, acontecem duas vezes na semana e têm enfoque no desenvolvimento das habilidades auditivas e na comunicação do paciente. Durante as sessões de fonoterapia, a família e a escola também são orientadas a dar continuidade ao tratamento que é realizado na instituição.

Para Maria Cristina, mãe do pequeno João Augusto, a evolução do filho é comemorada nas pequenas conquistas. “Hoje ele já faz o som do cachorro latindo, já tenta reproduzir os sons da nossa fala. É surpreendente a forma como ele tem reagido ao implante. Estamos felizes por ter feito essa escolha e esperamos contribuir com a elucidação de outros pais que, assim como nós, se deparam com essa dificuldade e não sabem ao certo o melhor caminho a seguir. Hoje, temos a plena convicção de que fizemos a melhor escolha para nosso filho”, declara.

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